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O momento positivo dos Conselhos de Administração

Atualizado: 8 de mai. de 2020

Por Wanderlei Passarella - Diretor Executivo na Synchron & Celint


Artigo | O momento positivo dos Conselhos de Administração

“Se o século XIX foi do empreendedorismo e o século XX da gestão, o século XXI será da governança corporativa.”

Os últimos fatos do universo político e econômico, no Brasil e no mundo, trouxeram o esperado amadurecimento para um dos maiores mecanismos para a evolução dos negócios empresariais de todos os matizes: a Governança Corporativa. Mas, quais são esses fatos recentes?

Em primeiro lugar, a crise das hipotecas americanas, entre 2007 e 2008. Durante esta, bancos quebraram, empresas industriais viram suas demandas encolherem, países correram riscos em relação à estabilidade de suas moedas e outros problemas. Diversos Conselhos de Administração foram acusados de não tomarem um papel efetivo no controle de riscos. Até mesmo a formação dos membros desses “Boards” foi questionada. Diversos artigos acadêmicos se direcionaram para criticar e fazer evoluir a área de compliance e governança das empresas de capital aberto.

O segundo impacto recente, no Brasil, foi a Lava-jato. Esta operação trouxe um tipo de preocupação no ambiente dos negócios com a lisura, o pensar construtivo de longo prazo, a ação consequente com um propósito. Este impacto ainda está longe de ser compreendido em sua profundidade, mas a maioria das empresas já percebe que é preciso ir além de suas instâncias tradicionais, abrir espaço para uma discussão mais profunda de qual deve ser o seu papel no ambiente de negócios.

O terceiro e mais profundo fato foi a recessão brutal, de mais de três anos consecutivos, que o ambiente empresarial brasileiro adentrou, desde 2014. Isso trouxe sérias consequências para os resultados, e dificuldade para a solução corriqueira de problemas. Foi preciso reinventar as empresas para se adaptarem a um ambiente muitas vezes mais adverso e imprevisível.

Diante desse quadro, a necessidade de se repensar as estratégias, os processos, as decisões societárias e a dinâmica de governo dos negócios trouxe o Conselho Administrativo (ou Consultivo) para o centro dos debates. Eles tem se mostrado como a estrutura ideal para fazer frente a esse quadro ambíguo, multifacetado e complexo das mudanças estruturais e conjunturais do mercado.

Resultados superiores, em uma empresa, têm sido observados com a instalação de um Conselho Administrativo ou Consultivo da forma correta. Segundo pesquisas da Fundação Dom Cabral (Revista Dom – Abr/13 – pg. 32), 40% de uma amostra de empresas que instalaram conselhos, recentemente, se mostrou satisfeita ou muito satisfeita e outros 48% avaliaram que era cedo para concluir. Supondo que metade destes se mostre satisfeita, então a grande maioria vê os benefícios de tal prática.

Por certo, ter uma Mesa Diretora (“Board of Directors”), ou Conselho, com profissionais competentes, que atuam na maior parte de seu tempo fora da empresa em que trabalham como Conselheiros (Conselheiros Externos Independentes) agrega um alto valor ao negócio a um custo muito baixo. Nossa experiência, participando e ajudando a instalar Conselhos Administrativos ou Consultivos em dezenas de empresas nos mostra os seguintes melhoramentos:

  1. Sistema de decisões mais racional: em boa parte das empresas familiares, as questões emocionais e os fatos passados mal resolvidos impedem que as decisões sejam tomadas com imparcialidade. “Observam-se as formiguinhas, enquanto os elefantes passam batido”. O Conselho traz pessoas de fora, tábulas rasas com experiência em tomada de decisões. Então, “a fila anda”, com maior probabilidade de acerto.

  2. Aporte estratégico: algumas empresas têm uma estratégia, mas esta não é comunicada ou mesmo debatida; repousa na cabeça de poucos. Outras empresas agem apagando incêndios, sem ter um rumo ou um objetivo. O maior ganho com uma Mesa Diretora é começar a trabalhar um pensamento estratégico, levando a empresa a se direcionar para um futuro desejado.

  3. Avanços na gestão: outro ponto muito comum de melhoria é o avanço em determinadas questões de gestão. As melhores práticas são discutidas abertamente, experiências bem sucedidas são trocadas e a empresa acaba implantando melhores processos de gestão, sem arcar com o custo de uma consultoria, e ainda permitindo aos seus executivos aprenderem durante a implantação.

  4. Equilíbrio de poderes: seja entre acionistas, ou entre os Conselheiros e os Executivos, os poderes se tornam mais equilibrados. A monocracia é deixada de lado (governos de um só ou de uns poucos) e as discussões levam a um novo patamar de acertos. Sem dúvida, um ganho insofismável. Importante que haja um clima de abertura aos debates, onde o confronto de ideias termine com um consenso na linha de ação.

  5. Desenvolvimento do time e sucessão: é usual que uma mesa diretora entre, a fundo, no processo de desenvolvimento dos talentos, seja sua aquisição, sua retenção ou a forma como podem ser aprimorados. Isso acaba criando um círculo virtuoso de aproveitamento das melhores pessoas internamente, levando à definição de sucessores aos principais cargos. A independência dos conselheiros externos cria ambiente propício para as escolhas isentas.

  6. Disciplina ao processo empresarial: a marcação de reuniões frequentes, com pautas predeterminadas e com a prática de cobrança, pela mesa diretora, dos resultados e projetos esperados, traz uma disciplina e uma constância de propósitos muito fortes à empresa, levando-a a se superar em direção a um caminho mais sustentável e rentável dos negócios. Como dito por Collins & Porras no livro “Feitas para Durar”, as empresas bem sucedidas compartilham algo em comum: “pessoas disciplinadas, pensamento disciplinado, processos disciplinados”. E uma Mesa Diretora contribui muito para isso!


Com tantas vantagens, não é pra menos que chegou a hora de se desenvolver os Conselhos de Administração ou Mesas Diretoras. E sua empresa, já tem o seu?


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